TOMADA DE POSSE
Vou tomar posse da minha varanda
E deixar o olhar comprimido estes anos todos
Espreguiçar-se pelos longes até ao mar
Que em vão tem esperado por mim
Espreitando por uma nesga lá no horizonte.
Agora vou tomar posse da minha varanda
Sem ler compromisso de lealdade
Sem limpar a voz pigarreando em falso
Nem ensaiar com a caneta uma voluta
Para me sair melhor a assinatura.
Não vai ficar notícia em livro de tombo
Nem será efeméride notada
Mas agora a minha vida vai ter mais espaço
Vou tomar posse da minha varanda.
DO LIVRO " LIVRO DE HORAS VAGAS" DE PAULO FERREIRA DA CUNHA
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